Manual de Cardiologia - Pedro Ivo de Marqui Moraes

(Antfer) #1





IM assintomática com fração de ejeção < 60% e/ou diâmetro sistólico de ventrículo
esquerdo (DSVE) ≥ 40 mm (recomendação classe I com preferência pela plastia
mitral sobre a troca valvar)
Outras indicações podem existir com um menor grau de recomendação.

PROLAPSO DE VALVA MITRAL


O prolapso de valva mitral (PVM) tem prevalência estimada em 2,5% da população
mundial e é a principal causa de insuficiência mitral em países desenvolvidos. É mais
frequente em mulheres, mas tende a ser mais grave quando acomete homens. Pode
ser de ocorrência primária (familial ou não) ou secundária (Marfan, Ehlers-Danlos,
osteogenesis imperfecta).
É clássica a ausculta de um clique na meso ou na telessístole, timbre rude, que
pode ser seguido de sopro sistólico regurgitativo quando há IM associada. O prolapso
da cúspide mitral anterior faz o sopro irradiar para a região dorsal, ao passo que o
prolapso da cúspide anterior tem sopro irradiado para a região paraesternal.
Existe prolapso quando um ou ambos os folhetos mitrais se deslocam pelo menos 2
mm além do plano do anel, geralmente visto em exame subsidiário (ecocardiograma
transtorácico).
Insuficiência mitral moderada a grave, quando presente, é o principal marcador de
complicações associadas ao prolapso mitral, e não o PVM em si. São exemplos de
complicações: extrassístoles atriais e ventriculares, morte súbita, taquicardias
supraventriculares, disfunção ventricular sistólica, cardioembolia e endocardite
infecciosa. Cerca de 15% dos portadores de PVM evoluem com IC ao longo de 10 a 15
anos.
Muitas vezes, os pacientes queixam-se de sintomas de difícil caracterização, para
os quais não existe nenhuma explicação fisiopatológica aceita para correlacioná-los
com o PVM. Muitos autores denominam esses sintomas “síndrome do PVM”, que
incluem dor torácica atípica, tonturas, síncopes, palpitações e transtornos ansiosos.
Pacientes assintomáticos com PVM e IM leve a moderada devem ser avaliados
clínica e ecocardiograficamente pelo menos a cada dois anos ou anualmente, se a IM
for significativa. Não há consenso sobre a periodicidade da avaliação de pacientes com
PVM sem IM. Pacientes sintomáticos devem, a priori, ser encaminhados para
tratamento cirúrgico.
Outras considerações sobre o tratamento:
Tranquilizar os pacientes com PVM sem repercussão hemodinâmica significativa
sobre o caráter benigno do quadro
Estimular hábitos saudáveis de vida, como atividade física regular, redução do
consumo de psicoestimulantes (cafeína e álcool) e do estresse

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