Manual de Cardiologia - Pedro Ivo de Marqui Moraes

(Antfer) #1

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O grau de cardiotoxicidade baseia-se na fração de ejeção ventricular do ventrículo
esquerdo (FEVE):


Cardiotoxicidade grau I: redução assintomática da FEVE basal entre 10 e 20%
Cardiotoxicidade grau II: redução assintomática superior a 20% da FEVE basal ou
queda da FEVE para valor abaixo do limite da normalidade
Cardiotoxicidade grau III: insuficiência cardíaca sintomática.
A cardiotoxicidade também se classifica em relação ao modo de apresentação:
Aguda ou subaguda: cardiotoxicidade manifestada no período entre o início da
quimioterapia até 14 dias após seu término. Caracterizada por miocardite, alterações
de intervalo QT, arritmias, fenômenos embólicos e síndromes coronarianas agudas
Crônica: manifestada principalmente por disfunção ventricular esquerda. Divide-se
em precoce (até 1 ano após o término da quimioterapia) ou tardia (após 1 ano do
término do tratamento).

FATORES DE RISCO E FISIOPATOLOGIA


Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de cardiotoxicidade são:


Idade: população pediátrica é mais suscetível
Sexo: maior incidência no sexo feminino
Infusão rápida
Dose cumulativa: por exemplo, doses cumulativas de doxorrubicina superiores a 300
mg/m²
Associação com radioterapia mediastinal prévia ou concomitante
Presença de doenças cardíacas: disfunção miocárdica prévia, hipertensão,
coronariopatia.
Os mecanismos responsáveis pela cardiotoxicidade ainda não estão completamente
elucidados. A ação antineoplásica das antraciclinas decorre da inibição da transcrição,
da síntese e da replicação do ácido desoxirribonucleico (DNA) e da geração de radicais
livres. A ação desses radicais é definida como estresse oxidativo e designa uma
condição na qual ocorre um desequilíbrio entre as concentrações de espécies pró e
antioxidantes. O excesso de radicais livres provoca efeitos prejudiciais, como a
peroxidação dos lipídios de membrana e a agressão às proteínas, enzimas e DNA.
Ademais, tal mecanismo se relacionaria com a ativação de proteases que degradam a
tinina, uma importante proteína estrutural celular.
São propostas diversas teorias para explicar o motivo pelo qual o coração é
importante alvo da toxicidade dos quimioterápicos. Uma delas sugere que a
abundância de mitocôndrias nesse tecido pode aumentar significativamente a produção

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