de espécies reativas de oxigênio. Além disso, os níveis elevados das enzimas catalase
e glutationa peroxidase exacerbariam a ação inibidora da topoisomerase II, uma
enzima importante no processo de replicação do DNA.
A radioterapia também se associa a alterações cardíacas. O dano, em geral,
correlaciona-se com o local irradiado e a dose total de radiação recebida. Os eventos
cardíacos secundários à radioterapia decorrem de inflamação e fibrose das estruturas
irradiadas. As principais complicações cardiovasculares por radioterapia são
arteriosclerose, pericardite, doença valvar, distúrbios da condução e cardiomiopatia.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico definitivo de cardiotoxicidade baseia-se em dados de biopsia
endomiocárdica. Entretanto, atualmente, os exames de imagem constituem o principal
método para avaliar tal complicação. A ecocardiografia tradicional é o exame mais
empregado para diagnóstico de cardiotoxicidade. A ventriculografia radioisotópica pode
ser utilizada, principalmente em pacientes com antecedente de irradiação torácica e
cirurgias. A ressonância nuclear magnética (RNM) é o exame com maior sensibilidade
para avaliação de alterações miocárdicas relacionadas com a cardiotoxicidade.
Entretanto, por causa de seu elevado custo e de sua pouca disponibilidade, restringe-
se, em geral, aos grandes centros médicos.
A dosagem dos biomarcadores emerge como ferramenta útil para diagnóstico
precoce. A alteração sustentada dos níveis séricos de troponina I associa-se a
desenvolvimento de cardiotoxicidade. Estudos buscam definir mais claramente o papel
do BNP (e do NT-pró-BNP) no diagnóstico precoce de cardiotoxicidade, sendo sua
elevação no contexto de quimioterapia um marcador de cardiotoxicidade. Ainda quanto
aos exames de imagem, a ecodopplercardiografia speckle tracking (ecocardiograma
com strain) emerge como método para detecção precoce de cardiotoxicidade.
Recomenda-se a realização de ecocardiograma convencional antes do início, após
3 meses, 6 meses e 12 meses do tratamento com trastuzumabe e antracíclicos.
TRATAMENTO
De acordo com as evidências atuais, o emprego profilático de medicações para
prevenção de cardiotoxicidade é bastante restrito. Recomenda-se dexrazoxane a
pacientes que utilizarão dose superior a 300 mg/m² de doxorrubicina.
Indica-se inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou carvedilol a
pacientes com alteração de troponina I, BNP ou do ecocardiograma durante a
quimioterapia.
Uma vez instalada a disfunção miocárdica, recomenda-se o tratamento
convencional para insuficiência cardíaca com betabloqueador, IECA ou bloqueadores