Banco Central do Brasil
Revista Isto É Dinheiro/Nacional - Economia
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Banco Central - Perfil 1 - Ministério da Economia
Estatuto de modo a proibir que os gestores façam
investimentos ou negócios que provoquem prejuízo. E
estabeleceu a polêmica política de Paridade de Preços
Internacional (PPI), que vincula o valor pago na bomba
aos solavancos do mercado externo.
Isso azedou de vez a relação entre a petrolífera e
Bolsonaro. Quando percebeu que não poderia usar a
estatal como instrumento, ele passou a chacoalhar as
coisas para criar uma sensação de movimento, já que
não é possível sair do lugar. A indicação de Caio Mario
de Andrade para substituir José Mauro Coelho, que
estava no cargo há 40 dias, agitou os mercados,
acendeu alertas sobre congelamentos dos preços e
greve de caminhoneiros. Mesmo assim, os rompantes
do presidente, que chamou o lucro da estatal de
“estupro”, não devem passar de chilique.
Político calejado, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro
Nogueira, já acendeu a caldeira da panela de panos
quentes. Ele colocou a chacoalhada presidencial no
contexto da chegada de Adolfo Sachsida ao Ministério
de Minas e Energia. “A mudança era esperada. A
gestão da Petrobras é independente, mas tem que estar
alinhada com o novo ministro”, disse. Nogueira passou
para o Conselho a batata quente de encontrar uma
solução para a alta dos preços, embora não fosse
necessário decapitar Coelho para isso.
Uma das soluções possíveis seria aproveitar as
oscilações naturais das cotações. Quando os preços
caen, a petrolífera cobra um pouco mais caro e guarda
os lucros. Nos tempos de alta, o dinheiro armazenado
subsidia os consumidores. É o que a Petrogal,
congênere lusitana da Petrobras, vem fazendo desde a
crise de 2009. Em novembro de 2021, o general
Joaquim Silva e Luna, antecessor de Coelho, sugeriu
montar um fundo de compensações com os R$ 33
bilhões em dividendos que o governo teria direito de
receber naquele ano. A resposta do Ministério da
Economia foi um “não” retumbante o suficiente para ser
ouvido pelas jazidas do pré-sal. O dinheiro já tinha
destino.
MINISTRO EM RISCO Para complicar, a cabeça de
Sachsida não está longe da guilhotina. Bolsonaro se
encontrou com o novo ministro na manhã de quarta-
feira (25) e foi direto: “se o preço dos combustíveis não
baixar, não tenho problema em trocar de ministro de
novo”, informaram fontes próximas ao presidente. O
mesmo vale para Andrade. A aliados no Congresso,
Bolsonaro confirmou que não deixaria “um dos volantes
da eleição nas mãos de burocratas da empresa”. Não
há muito o que fazer no curto prazo. O ex-secretário do
Planejamento do Estado de São Paulo, Lúcio Marques
Albanês Filho diz que Bolsonaro faz pouco. “Cadê o
fundo de amortecimento dos combustíveis? O subsídio
para produtores e importadores? O auxílio diesel? Tudo
isso derruba o preço sem mexer na paridade. Mas nada
disso ele quer fazer.” Quando o presidente se preocupa
mais com o movimento do que com as ações é grande o
risco de que suas decisões não surtam efeito algum.
Ainda que Coelho de fato caia, seu sucessor pode ser
outro que não Caio.
Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
Ministério da Economia