MAGAZINE 305 | (^27)
DesignandDevelopment
Network), localizado em Gavião
Peixoto, no interior de São Paulo.
Ali os caças serão efetivamente
montados, ao menos os que con-
tratualmente forem produzidos
no Brasil. Além disso, a Embraer
será responsável por desenvolver
a versão biplace do Gripen, que
é ligeiramente maior. O contra-
to prevê que, dos 36 aviões, 15
sejam produzidos no Brasil.
A Saab Aeronáutica Mon-
tagens, unidade produtiva do
fabricante sueco instalada em São
Bernardo do Campo, na Grande
São Paulo, será responsável pela
produção de itens como cone
de cauda, freios aerodinâmicos,
caixão das asas e fuselagens
dianteira e traseira das versões E e
F. “Estamos transferindo conheci-
mento e capacidade de produção
de aeroestruturas complexas para
o Brasil, cumprindo nosso acordo
de offset”, assegurou Mikael Fran-
zén, chefe da unidade de negócios
Gripen Brasil, durante a inaugura-
ção da SAM, em maio de 2018.
Na ocasião, Marcelo Lima,
diretor-geral da SAM, afirmou
que uma das virtudes da planta
industrial seria o fato de o projeto
ser completamente paperless (sem
papel), ou seja, todo conteúdo
seria disponibilizado em formato
digital, evitando, assim, o uso de
documentos impressos, que, além
de volumosos, estariam mais vul-
neráveis a roubos de informações.
A segurança será reforçada pela
necessidade de cada documento
ser exibido apenas no terminal
destinado, não sendo possível
acessar de outro local.
O problema é que não há
certeza de que as informações
vão ficar com o Brasil, conforme
alertou a AERO um alto oficial da
FAB, que pediu para não ser iden-
tificado, por ocasião da inaugura-
ção da unidade de São Bernardo.
“Sim, um sistema digital com uma
criptografia adequada não pode
ser facilmente desviado de seu fim.
Mas a Saab está transferindo para
ela mesma a capacidade de monta-
gem e integração de componentes.
Ao final do contrato, basta desligar
os computadores e o Brasil jamais
terá acesso à documentação”. E
continuou: “O contrato tem que
estar bem ‘amarrado’ para evitar
surpresas desagradáveis no futuro”.
PROCESSOS DE FABRICAÇÃO
Por se tratar de um acordo mi-
litar, o contrato não é público, o
que torna difícil saber o teor exa-
to de como ficará tal transferência
após a conclusão da montagem
dos 36 aviões encomendados.
“Nenhum fabricante ou governo
transfere tecnologia sensível. O
que existe nesse tipo de contrato
é o conhecimento dos processos
de fabricação e integração”, avalia
o engenheiro aeronáutico Ricardo
Barros. “E isso é bastante valioso
caso o país e sua indústria saibam
como utilizar tal conhecimento”.
Na prática, o que se diz, e
outros especialistas compartilham
dessa opinião, é que a tecnologia
realmente valiosa fica de possa do
fabricante, mas pode haver trans-
ferência do conhecimento por trás
dos processos de fabricação, algo
útil para países como o Brasil, que
detêm uma indústria aeronáutica.
A Saab esteve perante a
Comissão de Ciência e Tecno-
logia da Câmara dos Deputados
em 2009 para tratar desse tema.
Sua apresentação considerou que
o processo de transferência de
tecnologia exige que exista uma
Primeiro voo do
Gripen E sela
acordo entre
Saab e FAB
antfer
(Antfer)
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